Secretária do Esporte de Toledo diz que pode fazer competição paralela aos JOJUPs

Para que o esporte cresça e continue revelando campeões, o interesse do poder público é fundamental. Além das entidades que fomentam e gerenciam o esporte no Estado, a exemplo da Federação Paranaense de Voleibol (FPV), as Prefeituras Municipais têm papel importante no desenvolvimento e evolução das modalidades praticadas no Paraná. E é por isso que quem faz, merece ser enaltecido.

Um bom exemplo de cidade que constrói, dia após dia, uma história de sucesso no esporte é Toledo, na região Oeste do Estado, conhecida nacionalmente pela Festa do Porco no Rolete e por ser um importante centro agroindustrial do Sul do Brasil, localizada a 550km da capital Curitiba. No esporte, a cidade revelou atletas de ponta como Angélica Kvieczynski da ginástica rítmica e o ponteiro Lucas Loh da seleção brasileira de voleibol, entre tantos outros.

Recentemente o município sediou o Estadual Sub-17 e os Estaduais Adultos da primeira divisão e Divisão Especial da FPV. O município, acostumado a receber grandes eventos, logo voltará a receber outras etapas da competição.

Quem cuida do esporte em Toledo é a secretária municipal Marli Gonçalves Costa. Professora do Estado formada em Educação Física pela Unioeste, ela sempre esteve ligada à prática esportiva, seja como atleta de basquetebol, ou no colégio como professora.

Marli foi a primeira mulher a classificar as equipes masculinas de Toledo para a divisão â??Aâ? dos Jogos Abertos e Jogos da Juventude do Paraná e no ano passado, Toledo conquistou o título geral da divisão B dos JOJUPs e, também, o inédito vice nos Jogos Abertos da divisão â??Aâ?, resultado muito comemorado por toda a população toledana.

O pioneirismo e a competência deram a Marli a oportunidade de ser a primeira mulher da história de Toledo a assumir a Secretaria de Esportes e Lazer do município. Desde janeiro, Marli acumula também a pasta da Assistência Social e Proteção à Família. No ano passado, ela recebeu uma justa homenagem como dirigente destaque do Paraná, devido ao trabalho realizado pelo desenvolvimento do esporte em seu município.

Ex-atleta, depois de sofrer com algumas lesões no joelho, coluna e quadril, Marli não pratica mais esportes como antes. Atualmente as únicas atividades que pratica são as caminhadas em volta do imponente lago municipal de Toledo, e o pilates, que diz ser apaixonada.

Entre uma agenda e outra, Marli conversou com a reportagem da Federação Paranaense de Voleibol. Veja na entrevista o que ela falou sobre as principais realizações no esporte toledano e o que o município tem feito, principalmente, pelo voleibol a nível estadual.

A secretária também falou a respeito do cancelamento dos Jogos da Juventude do Paraná e o que Toledo pensa em fazer para não perder o calendário nem a verba estipulada para esta competição.

FPV: Você e sua equipe vêm desenvolvendo um trabalho de qualidade no esporte paranaense. Qual é a fórmula, se é que existe outra além de muito trabalho?

Meu trabalho se mistura com lazer, pois sou apaixonada pelo esporte. Não há cansaço em estar presente nas diversas modalidades esportivas e de lazer do município. O prefeito investe e incentiva o esporte. Isso facilita o nosso trabalho e cria mais oportunidades, principalmente para os jovens.

Toledo é conhecido por formar atletas na base. Não é nossa característica trazer atletas de fora. Temos reconhecimento nacional principalmente na Ginástica Rítmica, no Badminton e no Paradesporto, com destaque ao Parabadminton e Handebol em cadeiras de rodas. Em esportes como o handebol, o basquete e o voleibol temos colocado atletas nas seleções brasileiras.

FPV: Quais principais ações que comandou frente à secretaria de esportes de Toledo?

Aí podemos conversar a tarde inteira, mas posso destacar a conquista e o respeito de profissionais formados e estagiários da área de educação física. Atualmente a política pública de esportes e lazer do município são planejadas e aplicadas por profissionais. Não existe interesse políticos nas ações. A setorização da SMEL também foi muito planejada, cujos setores são comandados por profissionais formados e concursados; temos vários programas na área de recreação e lazer como Verão no Parque, Dançar Circular, etc; esportes comunitários, como a manutenção da Taça Toledo de Futebol Sete que mobiliza duas mil pessoas no ano. São muitas coisas.

FPV: E o esporte de base e outros, dirigidos?

Na base implantamos os Jetoos, Jogos Escolares de Toledo, com 13 modalidades e totalmente gratuito. Neste ano foram mais de 2 mil estudantes jogando e sendo premiados pela Prefeitura de Toledo. Para os idosos, criamos o Idoso em Movimento, programa com orçamento de R$ 250 mil, que atende 4 mil idosos em 43 grupos. No Paradesporto repassamos recursos financeiros para a associação que cuida do Parabadminton e Handebol em Cadeira de Rodas. Também implantamos o programa â??Mãos no Esporteâ?, onde crianças e adolescentes surdos praticam natação, judô e xadrez.

FPV: E o esporte de rendimento?

Aí temos grandes avanços. Destaco a construção de alojamentos apropriados para receber as mais diversas competições. São 250 lugares, com material adequado e suficiente para as modalidades e recursos financeiros para as competições oficiais. Temos aqui o Passe Atleta, onde 200 atletas se deslocam gratuitamente dentro do município para treinamentos. Implantamos também o Programa Atleta na Universidade, onde 30 atletas recebem uma bolsa auxílio para cursar Educação Física e competir por Toledo nos Jogos Oficiais do Governo do Estado. A partir deste ano, atletas de Toledo terão a academia de musculação adequada e está sendo implantada uma clínica de fisioterapia para os atletas do município.

FPV: Seu nome é uma unanimidade junto à comunidade esportiva porque vc bota a mão na massa e faz acontecer. Como você define sua atuação frente ao esporte toledano?

Primeiramente amo o que faço, então quase não diferencio trabalho de lazer; na minha vida os dois se misturam. Sempre fui de acompanhar de perto as ações, mas conto com uma equipe fantástica. Não somente no comando dos setores, mas no quadro geral da secretaria. Tenho plena consciência que se não fosse a dedicação de todos estes profissionais, estaríamos ainda engatinhando em nossas ações. 

FPV: Toledo tem um calendário esportivo muito bem estruturado. Como é o planejamento? Quais os projetos mais relevantes que estão funcionando no município?

Organizamos sempre no ano anterior o calendário do próximo. Evitamos que os esportes comunitários por exemplo se choquem em datas, desta forma temos atividade o ano todo. Todos os programas citados acima são de grande importância para nossa população. A SMEL adotou o lema â??da criança ao idoso, esporte e lazer para todosâ?, que na prática é o que acontece. São mais de 40 mil atendimentos no mês com profissionais da área.

FPV: E o que vem por aí? Alguma novidade no esporte? Sobretudo no voleibol, como está o calendário da cidade em 2015?

Destaco os Jogos da Cidade e do Interior, que entre as modalidades contará com o voleibol. Nas categorias de base, nosso voleibol está bastante disseminado nos bairros, o que proporciona mais qualidade nas equipes de rendimento. Na maioria das categorias, Toledo não jogava o campeonato paranaense. Esta realidade desde o ano passado mudou.

FPV: No voleibol as equipes de Toledo vêm obtendo destaque em diversas categorias e elevando o nome da cidade a nível estadual. A que você credita este significativo aumento de qualidade nas equipes da cidade?

Primeiramente a toda a estruturação realizada na modalidade. Hoje são quatro profissionais formados e mais quatro estagiários do Programa Atleta na Universidade. Através disso, conseguimos decentralizar o atendimento, e nas equipes adultas estes quatro atletas beneficiados reforçam nossas equipes. Também a reforma adequada do Ginásio de Esportes Hugo Zeni, proporciona maior visibilidade e conforto à modalidade. O Projeto Mais Vôlei, aprovado pela Secretaria de Esportes e Lazer junto ao Ministério dos Esportes, colocará investimentos maiores na modalidade. O Programa Passe Atleta permite que o que temos de melhor no trabalho dos bairros venham para treinamentos nas equipes principais, sem precisarem parar de treinar pela falta de transporte e distância. 

FPV: Na sua visão, como você vê o trabalho realizado pela Federação Paranaense de Voleibol no Estado?

Importantíssimo. Este olhar da federação para o trabalho de formação que é desenvolvido no Paraná é imprescindível para o crescimento da modalidade. Também posso destacar o incentivo da Federação aos municípios menores. Municípios pequenos também fazem ótimos profissionais e atletas de nível para atuarem em qualquer equipe do país.

FPV: Qual o seu posicionamento a respeito do cancelamento dos Jogos da Juventude do Paraná? Especula-se nos bastidores que Toledo irá realizar uma competição paralela para não perder o calendário. Confere?

Meu posicionamento é que acho um absurdo cancelarem os JOJUPs e mais ainda da forma que foi. Não foi aberto diálogo com nenhum município. Me parece que até que Foz do Iguaçu, que iria sediar, soube do cancelamento pela internet. Se houvesse diálogo com certeza a competição sairia. Talvez em moldes diferentes, com menos municípios, mas sairia. Imagine os municípios pequenos que só jogam isso e simplesmente, no meio do ano, ficam sabendo que não vai mais sair. Complicado para todos!

Quanto a fazer algo em Toledo, estou esperando para ver se cancelam ou não os Abertos, espero que não. Mas se cancelarem também, penso em conversar com o prefeito para realizar, com estes recursos que seriam gastos nos JAPs e JOJUPs, uma competição de idade juventude (até 18 anos) aqui em Toledo, mas tudo isso não passa de uma ideia, que fique bem claro. Se ele permitir vou reunir os técnicos da secretaria para formatar algo assim.

Alguma consideração final?

Quero destacar ainda que Toledo trouxe nesta gestão, mais de 6 milhões de reais do Governo Federal, através de projetos como a Construção do Centro de Iniciação ao esporte (R$ 4,7 milhões), os Jogos Abertos de Toledo em 2014 (R$ 100 mil), Programa Vida Saudável (R$ 800 mil), Projeto Mais Vôlei (R$ 560 mil) e o Centro de Artes Marciais, que renderam mais R$ 250 mil em emendas.

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