Da redação, no Rio de Janeiro (RJ) – 08.04.2014 – Foram 24 anos de vôlei, sendo 12 dedicados a seleção brasileira. Em 5 de abril de 2014, a longa e vitoriosa carreira de André Heller chegou ao fim. A despedida, na segunda partida da semifinal da Superliga masculina de vôlei 13/14, com o Brasil Kirin (SP), foi difícil e, acima de tudo, emocionante. O central foi reverenciado pelos companheiros de equipe, pelos jogadores do Sesi-SP, adversário naquele dia, e por todos que lotaram o ginásio Taquaral, em Campinas (SP).
O seu time perdeu, mas isso foi minimizado pelo grande momento vivido pelo jogador. Aquele dia se tornou inesquecível para André Heller.
“Quando a derrota já era praticamente inevitável, acho que no 13/8, eu olhei para a Marcelle (esposa ex-levantadora da seleção brasileira) na arquibancada e pensei ´agora foi´. Assim que acabou o jogo, entrei na quadra sabendo que seria um momento intenso. Fiquei por último para cumprimentar os jogadores do Sesi-SP e eles começaram a passar por baixo da rede para falar comigo. Fiquei tenso. Alguns até exageraram, fazendo reverência, o que não tinha a menor necessidade. Foi muito emocionante”, contou André Heller.
Mas o jogador pode dizer que alguns instantes não serão lembrados. Afinal, algumas lembranças se perderam em meio a forte emoção.
“Nem me lembro de algumas coisas que aconteceram, mas sei que abracei muita gente. Os dois times se uniram para me parabenizar e vi muita gente chorando. Foi realmente muito especial e fiquei feliz demais pelo reconhecimento. Na verdade, nunca esperei reconhecimento de ninguém, mas fiquei feliz em ver que as pessoas perceberam que eu corri atrás. Nunca abri mão de ser correto, mesmo que eu optasse por uma situação menos favorável a mim”, afirmou o central.
Apoio da família
Muitas pessoas tiveram grande importância na vida e na carreira de André Heller, mas a família tem um peso maior. “Tenho que agradecer a várias pessoas por tudo que conquistei. Todos, absolutamente todos os técnicos que tive, me ajudaram muito. Desde o primeiro. São muitas presenças importantes”, lembrou André Heller.
Porém, os pais, as irmãs, a esposa e a filha são verdadeiros presentes para o jogador. “Meus pais sempre tiveram uma vida muito difícil e nos deram 10 vezes mais do que tiveram. Depois, no meu primeiro ano de vôlei depois da escola, eu precisava trabalhar, mas as minhas irmãs resolveram me patrocinar por um ano. Nesse tempo, recebi meu salário e deu tudo certo. E depois vem a Marcelle, que me deu a Helena, minha filha, que são pessoas fundamentais na minha vida”, garantiu.
O título mais importante
Heller se lembra, com carinho, de diversas passagens importantes que teve no vôlei. São muitos títulos: bicampeão sul-americano, hexacampeão da Liga Mundial, bicampeão da Copa do Mundo, campeão olímpico em Atenas/04, campeão da Copa dos Campeões, campeão mundial, campeão pan-americano, medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Pequim/08 e bicampeão da Copa América.
Mas algumas dessas passagens são ainda mais especiais. “Quando falamos em conquistas, sem dúvida, a mais importante é o título olímpico, em Atenas/2004. Comecei no vôlei me espelhando na geração de ouro de Barcelona/92. Quando acabou aquele jogo, eu falei para a minha mãe que também seria campeão olímpico. Eu tinha dois anos de vôlei, com 15 anos, e guardei aquilo comigo o tempo todo. A medalha veio como uma premiação de todo o processo que tive na modalidade”, explicou André Heller.
Momento decisivo
André Heller teve o técnico Bernardinho no comando do título olímpico. O convívio dos dois sempre foi saudável e um momento difícil para ambos serviu, também, para uni-los ainda mais e marcar a carreira dos dois. O corte antes do Mundial de 2002 deixou André Heller de fora da competição, mas foi decisivo para sua trajetória.
“O mesmo momento marcou a nós dois de uma forma muito intensa. Aquele episódio mudou a minha visão de como encarar a minha função. Nunca fui um talento e sempre tentei ajudar a minha equipe da melhor maneira possível e consegui enxergar isso muito bem”, disse Heller, que, no ano seguinte voltou à seleção brasileira na posição de titular.
André Heller foi aplaudido pelos jogadores (Foto: Divulgação/CBV)
Planos para o futuro
Embora o planejamento já esteja acontecendo há tempos, André Heller ainda não afirma o que fará daqui para frente. “Estou me preparando para a aposentadoria desde que comecei no vôlei. Já sabia que essa é uma carreira curta. Conciliar estudos com a vida de atleta é muito difícil e, por isso, fui estudando aos poucos. Desde que cheguei em Campinas, voltei à faculdade, já pensando em abrir possibilidades para quando esse momento chegasse”.
E mesmo que ainda não tenha traçado seu futuro, um ponto fundamental é certo. “Vou continuar no vôlei. Não posso abrir mão se 24 anos de experiência. E isso não se refere exclusivamente a títulos, conquistas, nada disso. Falo por ter a consciência de como o esporte pode transformar a vida de uma pessoa. Tenho propriedade para falar sobre isso e quero, agora, ajudar para que outros passem por essa transformação”, concluiu André Heller.
O Banco do Brasil é o patrocinador oficial do vôlei brasileiro
Assessoria de Comunicação – CBV | Idigo – Núcleo de Inteligência Digital