A final da Superliga masculina de voleibol que deu o título à equipe do Sada/Cruzeiro no último domingo (12.04) teve a participação fundamental de dois paranaenses no comando do jogo. Os árbitros Paulo Turci e Fernando Santos, experientes profissionais da Federação Paranaense de Voleibol (FPV), tiveram bom desempenho durante toda a partida e lidaram com naturalidade diante das situações em que foram mais exigidos.
Fernando, que atuou como juiz de linha, é árbitro aspirante a nacional e desde 2008 pertence ao quadro da Federação Paranaense. Segundo ele, participar da final do maior campeonato do Brasil foi uma experiência engrandecedora e que pode contribuir para melhorar a qualidade da arbitragem no Estado.
“Participar de uma final de Superliga é importante porque mostra na prática que o trabalho da equipe paranaense de arbitragem está no rumo certo. Pessoalmente, foi uma experiência inesquecível e muito gratificante, o barulho do ginásio lotado com mais de 15 mil pessoas gritando é inesquecível”, afirma.
Há quase dez anos apitando e com atuações em campeonatos nacionais, mesmo assim Fernando disse que um pouco antes do jogo a apreensão, inevitavelmente, acaba tomando conta. “Confesso que fiquei um pouco nervoso antes do jogo começar pela responsabilidade que tínhamos nas mãos. Mas as equipes finalistas são muito profissionais e isso acaba passando confiança para nós também. No mais a final foi tranquila e o Paulo soube lidar muito bem com todas as situações. Espero que mais árbitros do Paraná tenham essa oportunidade no futuro. Temos ótimos profissionais atuando nas competições e estudando para o voleibol ir além”, disse Fernando.
Acostumado à pressão dos grandes jogos do vôlei mundial e Olímpico, o comandante da final foi o veterano Paulo Turci, há 10 anos árbitro do quadro da Federação Internacional de Voleibol (FIVB). A partida decisiva em Belo Horizonte (MG) foi a quarta final de Superliga dele, a terceira consecutiva.
Referência do esporte paranaense com 30 anos contabilizados no apito, Paulo é analista de sistemas por formação e atualmente é gestor de negócios e dirige o setor de patrimônio de uma grande multinacional no Brasil. Paulo é casado há 27 anos com dona Marisa e “com muito orgulho”, pai da médica Bruna (25) e do estudante de medicina Renan (19).
Sobre o jogo, Paulo destaca dois momentos. “Um deles é que nesta edição da Superliga foi utilizado um sistema eletrônico que identifica se a bola foi dentro ou fora. Foram duas bolas muito próximas da linha em que o olho humano julgou de uma forma, mas o sistema fez de outra maneira. É uma tecnologia importante que está do lado do árbitro e ajuda a tomar decisões mais corretas”, explica.
“O segundo foi quando o Leal e o Serginho tiveram um momento ríspido entre eles e julguei coerente chamar a responsabilidade para a arbitragem. Dei um amarelo para cada um por terem infringido os princípios básicos da regra, mas que na hora foi entendido por ambos. São atletas muito profissionais, o que de certa forma facilita a atuação dos árbitros”, disse. Ainda a respeito da partida, Paulo arriscou uma auto avaliação. “Daria uma nota 98 para minha atuação. Acho que cometi dois erros durante o jogo”, avalia.
Paulo Turci iniciou a carreira por acaso, quando foi convidado por amigos para apitar uma partida que segundo ele, não passava de uma brincadeira. “Alguns colegas de Londrina tinham uma competição, os Jogos das Indústrias, e estava faltando gente para apitar. Então eles me convidaram e aceitei. Logo após aquele evento, em 1984, com 20 anos, fiz o curso da Federação Paranaense e me encantei pela profissão. Neste mês (abril) comemoro 31 anos de arbitragem”, avisa Paulo, que deixa a dica:
“Apesar de ser uma atividade paralela, o gosto, a paixão por fazer bem feito, o respeito aos profissionais que estão envolvidos contribuiu muito para chegar onde cheguei. Estar constantemente estudando o voleibol também. Por mais que se habitue a apitar, sempre acontecem lances muito raros em que temos de estar preparados”, ensina.
Paulo é um incentivador dos cursos de arbitragem que regularmente são promovidos pela FPV, inclusive do que vai acontecer em Curitiba no próximo final de semana (entre 17 e 19 de abril). Paulo é um defensor contumaz dos árbitros, mas mesmo assim ele acha que falta “romantismo” hoje na profissão, mas entende ser uma evolução natural das gerações mais novas.
“Quando comecei a apitar era uma coisa mais romântica, a convivência entre os árbitros era mais proveitosa e ninguém tinha tanta pressa na vida. Hoje o jovem que se aplica está mais preocupado com a remuneração, com a ascensão na carreira, o que é super normal e natural que aconteça. Coisas da geração Y que tem muito mais pressa do que profissionais como eu, de alguns anos atrás”, compara.
Entre atletas, treinadores, dirigentes e outros árbitros, Paulo é um cara cheio de amizades construídas no voleibol. “A chance de ser árbitro internacional me trouxe a possibilidade de fazer grandes amigos no Japão, no Egito, Estados Unidos, Itália, Portugal, Espanha, e por aí vai. Conversamos sempre e quando nos encontramos é uma alegria”, recorda.
Às vezes Paulo leva seus familiares assistir aos jogos. No ano passado ele levou dona Marisa para ver a final que comandou. “Quando tenho oportunidade levo a família junto, quando sai a escala eles ficam malucos lá em casa. Na final do ano passado levei minha esposa para assistir, foi uma experiência maravilhosa para ela e para mim estar no Mineirinho lotado com 16 mil pessoas. Foi emocionante”, afirma.
Quem quiser ver o Paulo Turci em ação basta prestigiar os campeonatos estaduais realizados pela Federação Paranaense de Voleibol. “Certamente estarei no adulto aqui no Paraná, se conseguir disponibilidade nos jogos do campeonato da juventude também quero atuar, mas devido à minha função como executivo fica difícil participar quando for fora de Curitiba”, explica. A primeira etapa do Campeonato Estadual Adulto começa dia 1 de maio.
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