Com fala e expressões que lembram em alguns momentos Bernardinho (técnico da seleção masculina de vôlei), Marcelo Francisco de Oliveira incentiva e também puxa a orelha dos jogadores da equipe de voleibol paralímpico de Curitiba. “Eles são atletas reabilitados, o esporte não têm mais função social. E esse, na minha opinião, é o grande tabu do esporte para deficientes: passar a ser visto como profissional”, ressalta o treinador do time campeão da primeira edição do PARAJAPs. “São atletas de alto nível, que treinam pesado para melhorar cada vez mais”, diz.
Marcelo explica que o treinamento é muito parecido com o vôlei convencional e, no caso da equipe de Curitiba, acontece de duas a três vezes por semana. “As diferenças ficam por conta do tamanho da quadra, que é menor, a rede é mais baixa e é permitido bloquear o saque”, explica o treinador, que também é responsável pela seleção brasileira sub-23.
Além de faturar o título dos Jogos Paradesportivos no voleibol sentado, Curitiba também é heptacampeã regional e ficou em terceiro lugar no campeonato brasileiro desse ano. “Também levamos os prêmios de atleta revelação e melhor atacante na competição”, conta Oliveira. “Temos quatro atletas de Curitiba na seleção brasileira adulta e outros três na sub-23”, diz.
Anderson Rodrigues dos Santos é a revelação do brasileiro. Praticante da modalidade há um ano, o paratleta já foi pré-selecionado para a seleção nacional. “A partir de 2013 devo começar a treinar com eles”, fala o jogador, que amputou a perna há 2 anos e 5 meses, em função de um acidente de moto. “Quando fiz a prótese o médico perguntou o que eu gostaria de fazer a partir de agora. Disse que queria trabalhar, praticar esporte. E ele sugeriu o voleibol. Fiz o teste, gostei e estou aí”, relembra Anderson.
![Bloqueio](http://www.jogosabertos.pr.gov.br/arquivos/Image/AndersonBLOQUEIO.jpg)
“As pessoas perguntam: mas você joga como, sentado na cadeira de rodas?”, diz o atleta. “Elas associam a maneira de jogar do basquete, por ser o esporte para deficientes mais conhecido. Aos poucos, até por conta das Paralimpíadas que acontecerão em 2016, a ideia muda”, espera o jogador, que tem boas expectativas para os jogos que acontecerão no Brasil. “Espero participar. Ainda tenho muita coisa pra evoluir, não sou um atleta completo”, conclui modestamente Anderson, que tem como ponto forte o bloqueio.
A equipe de Curitiba foi campeã invicta dessa edição inicial dos Jogos Abertos Paradesportivos do Paraná. Sem perder nenhum set durante toda a competição, a equipe venceu o Maringá na manhã que encerrou o PARAJAPs. Antes, Pinhais venceu Paranaguá por 3 sets a 2, na partida mais disputada.
Os Jogos Abertos Paradesportivos do Paraná são realizados pelo Governo do Estado do Paraná, através da Secretária de Estado do Esporte em parceria com a Universidade Estadual de Londrina e patrocínio da Renault.