Segue abaixo a entrevista publicada neste domingo (16.02) no jornal Gazeta do Paraná, com o árbitro internacional da Federação Paranaense de Voleibol (FPV)
FIGURA DE RESPEITO
Quem se lembra da final olímpica do voleibol masculino em 1992, em Barcelona? Aquele timaço, comandado por José Roberto Guimarães, hoje treinador da Seleção Brasileira feminina de Vôlei, venceu a Holanda por 3 a 0 (15/12, 15/8 e 15/5) e só perdeu três sets na campanha do ouro. 15 a 12? 15 a 8? 15 a 5? Que tipo de placar é esse? Me perguntaria um jovem atleta que não teve vivenciou uma das mudanças mais drásticas no voleibol, quando a vantagem foi extinta. Lembro que aquele jogo foi atípico para os moldes da época e o Brasil conquistou uma vitória fácil. Mas uma partida de cinco sets, por exemplo, poderia ter intermináveis três horas de duração.
O que pouco mudou foi a figura do árbitro no voleibol. Na verdade, é uma equipe de arbitragem que pode ser composta até por oito pessoas. Mas, neste esporte, são raras as reclamações mais ríspidas com a arbitragem por parte dos atletas e da torcida, ao contrário do que acontece em outros esportes, como o futebol e o futsal.
E para saber mais do trabalho desse profissional, a reportagem da Gazeta do Paraná entrevistou Paulo Turci, árbitro londrinense que tem experiência internacional no voleibol. Com 49 anos, o administrador tem uma ampla trajetória no esporte. Já são 30 anos de arbitragem e, com isso, presenciou de maneira mais intensa as mudanças no vôlei. Ele deu a sua contribuição para isso.
Paulo, nesta temporada, a CBV (Confederação Brasileira de Voleibol) adotou, em suas competições, sets de 21 pontos. Isso interfere no trabalho da arbitragem? Facilita? Dificulta?
Do ponto de vista técnico, não altera significativamente. O grau de concentração deve permanecer sempre o mesmo. Mas como existe uma pequena redução no tempo de cada set, reduz um pouco o desgaste físico e mental.
Em um jogo de voleibol, é necessário uma equipe de arbitragem, ou seja, uma pessoa não executa essa função sozinha. O que é preciso para que o grupo de árbitros possa conduzir bem a partida?
O aspecto mais importante é a concentração de todos durante toda a partida, principalmente nos lances mais críticos e cruciais do jogo. A comunicação visual é fundamental para o sucesso da equipe de arbitragem, por isto, sempre fazemos uma pequena reunião antes do jogo.
Você tem uma ampla experiência internacional no esporte. O que você faz para se aprimorar como árbitro?
Estudar! Todo árbitro deve constantemente ler a literatura disponível, tanto as regras, quanto o material de apoio disponibilizado pela FIVB (Guia de Arbitragem e Livro de Casos). Este conjunto de leituras permite ao árbitro permanecer atualizado sobre pequenos detalhes, lances capitais, de como proceder em cada um deles.
O que é mais fácil para a arbitragem: o voleibol masculino ou o feminino?
Na verdade, não existe facilidade ou dificuldade em cada um destes jogos. O que existe são características diferentes que devem ser respeitadas e o árbitro deve estar atento.
Que ações as federações e confederações podem fazer, com relação à arbitragem, para a evolução do voleibol?
Clínicas de arbitragem! Esta é, do meu ponto de vista, a melhor ferramenta existente para aprimorar a qualidade da arbitragem do voleibol! Hoje existem recursos que permitem ver e rever diversos lances capitais de jogos e avaliar qual é a conduta correta da arbitragem.
A gente sabe que o teor de reclamações com a arbitragem no voleibol é bem menor e mais respeitoso do que em outros esportes como o futebol e o futsal, por exemplo. Mas você, já vivenciou alguma situação de reclamação mais ríspida? E como você procede em situações como esta?
Sempre existem atletas, que são mais emotivos que outros, e que se exaltam na maneira de demonstrar sua discordância com a decisão da arbitragem. A conduta do árbitro sempre deve ser de respeito com o atleta, considerando que esta é a sua atividade profissional e a reação do árbitro deve sempre estar pautada na regra e na aplicação das punições, se necessárias, de acordo com os critérios da regra.
Me conte qual foi o jogo mais importante e o mais memorável em que você atuou?
Difícil responder! Todo jogo é importante, do ponto de vista do atleta, técnico e do árbitro, independente da característica. Entretanto existiram alguns jogos que marcaram a carreira, entre eles, a final da Superliga 2010/2011, no ginásio do Mineirinho, com um público de cerca de 17.000 pessoas e a final da Superliga 2012/2013, no Maracanazinho.
Paulo Turci árbitro internacional da Federação Paranaense de Voleibol (Foto: Divulgação/FIVB)
CURSO
A Federação Paranaense de Voleibol (FPV) promove, através da escola de árbitros, um curso de arbitragem de vôlei. As inscrições já estão abertas e com um investimento de apenas R$ 125,00, você poderá se tornar um profissional e atuar nos campeonatos de voleibol do Paraná. As cidades de Curitiba, Cascavel, Francisco Beltrão, Ivaiporã e Londrina vão receber o treinamento no mês de março. Voltado para estudantes e profissionais de educação física, atletas, técnicos e demais interessados em contribuir para o crescimento da modalidade no Brasil, a primeira etapa do curso será realizada na capital do Estado, simultaneamente com Francisco Beltrão e Ivaiporã, entre os dias (14. e 16). Depois seguirá para Londrina e será finalizado em Cascavel nos dias 28 a 30 de março.
Por Luciano Neves – Gazeta do Paraná